Caixeiras do Divino participam do Sonora Brasil 2011

18/05/2011 às 00:00 por Viviane Franco

A festa do Divino Espírito Santo se destaca como um dos mais importantes festejos da cultura popular do Maranhão. Dentre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as Caixeiras, senhoras devotas que cantam e tocam caixas acompanhando todas as etapas da cerimônia.

Representando o Maranhão, as Caixeiras do Divino participam da 14ª edição do Projeto Sonora Brasil – Formação de Ouvintes Musicais, um projeto temático que tem como objetivo desenvolver programações identificadas com o desenvolvimento histórico da música no Brasil.

Dona Maria Rosa, Dona Maria de Jesus, Dona Zezé de Iemanjá, Dona Rosa Barbosa e Dona Rosa Dias, as Caixeiras do Divino de São Luis do Maranhão, realizam a primeira apresentação no dia 30 de maio, às 9h, na Área de Vivência do SESC Deodoro.

Elas apresentarão as várias etapas do festejo por meio de seus respectivos cânticos, acompanhados das caixas. O canto, ora em uníssono ora a duas vozes, pode apresentar variações na melodia principal, como ocorre tradicionalmente nas práticas da tradição oral, e suas características interpretativas traduzem a força alcançada pela relação de devoção ao Divino Espírito Santo.
Pela primeira vez este ano, o Sonora apresenta dois temas – Sotaques do Fole e Sagrados Mistérios: vozes do Brasil – que serão desenvolvidos no biênio 2011/2012, com a participação de quatro grupos em cada tema.

No tema “Sagrados Mistérios: vozes do Brasil”, as Caixeiras são atração com mais três grupos que se apresentam pelos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Este tema apresenta repertório da música vocal presente nas festividades populares em devoção às entidades religiosas, trazendo além das Caixeiras, os cânticos da Comitiva de São Benedito da Marujada de Bragança (PA) e da Banda de Congo Panela de Barro (ES). Representando a música de concerto, o Quarteto Colonial (RJ), composto pelos mestres de capela para o ofício religioso da igreja católica e a obra de compositores modernos e contemporâneos inspirada nesse universo.

Sotaques do Fole apresentam o acordeão em suas variantes regionais ligadas à tradição oral, trazendo a gaita-ponto, com o músico Gilberto Monteiro (RS), a sanfona de oito baixos, com o músico Truvinca (PE), e o acordeão de 120 baixos, com Dino Rocha (MS). Fazendo um contraponto com a tradição oral, o projeto traz o duo de acordeões Ferragutti/Kramer, que apresenta composições modernas e contemporâneas relacionadas à música de concerto e a outras formas ligadas à vertente acadêmica.

Estas atrações circulam pelos estados das regiões Sul e Sudeste. Em 2012, na 15ª edição, procede-se a inversão para que os grupos concluam o circuito nacional. Com essa nova metodologia, o projeto passa a ter um planejamento bienal, contando com a participação de oito grupos, em circuitos com duração de aproximadamente 70 dias em cada ano.

Em cumprimento à sua missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra de fundamentação artística não comercial, o Sonora Brasil consolida-se como o maior projeto de circulação musical do país. Em 2011, são 420 concertos, em 110 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. A ação possibilita às populações o contato com a qualidade e a diversidade da música brasileira e contribui de forma significativa para o conjunto de ações desenvolvidas pelo SESC visando à formação de platéia. Para os músicos, propicia uma experiência ímpar, colocando-os em condição privilegiada para a difusão de seus trabalhos e, conseqüentemente, estimulando suas carreiras.

O projeto Sonora Brasil busca despertar no público um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão de música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a pureza do som e a qualidade das obras e de seus intérpretes.

Caixeiras do Divino

Toda festa do Divino gira em torno de um grupo de crianças que durante o período dos festejos são vestidas com trajes nobres e tratadas com regalias. O ritual pode durar até 15 dias e conta com uma estrutura bastante complexa, com várias etapas, podendo apresentar variantes significativas em cada localidade. No Maranhão, essa festa está diretamente ligada às religiões afro-brasileiras.

Dentre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as Caixeiras, senhoras devotas que cantam e tocam caixas acompanhando todas as etapas da cerimônia. É sua responsabilidade conhecer todo o ritual e o repertório relacionado, que é vasto e variado, e ainda precisam ter a habilidade do improviso para responderem a situações imprevistas no decorrer das etapas.