Curso do Sesc trabalha a força e beleza dos acessórios afros

11/07/2017 às 18:50 por Amanda Machado

Com diferentes estampas, tecidos e cores, os turbantes, amarrações e faixas entraram definitivamente para o guarda roupa das brasileiras. O turbante, além de ressaltar a beleza da mulher, também carrega consigo uma filosofia de vida, principalmente entre as mulheres negras que veem nele um modelo de representatividade da sua identidade racial. Ministrado por Célia Sampaio, o Sesc mergulhou na história e estilos dos acessórios durante o curso “Turbante,  Amarrações e Faixas”, que encerrou na última sexta-feira, dia 07 de julho.

Com 26 alunas inscritas, o Sesc, por intermédio da Valorização Social, trabalhou principalmente as formas e história do turbante, um significativo elemento de construção da cultura negra que carrega consigo a força da tradição de uma ancestralidade. Para a acadêmica de direito Dayse Waldorf (26) a oficina foi muito produtiva. “No aprendizado das técnicas mesclamos nossos estilos e conhecimentos  e aprendemos que a utilização do turbante é uma questão de atitude e valorização das nossas raízes, não apenas um acessório da moda”, ressaltou.

Para a instrutora Célia Sampaio, que há 18 anos usa turbante e desde 2008 repassa essa tradição, o acessório trabalha a beleza, autoestima das mulheres e traz um pouco da rica cultura africana. Ministrando curso pela terceira vez no Sesc, ela parabeniza a instituição por fomentar a arte e o resgate histórico-cultural. “Estou muito feliz com a oportunidade e o resultado alcançado. Espero que as alunas continuem o processo criativo e possam se tornar multiplicadoras do saber”, afirmou.

Os cursos de Valorização Social são uma iniciativa sistemática do Sesc no Maranhão que visa promover a capacitação do comerciário e a comunidade em geral através de ações educativas, sem restrição de idade, oferecendo para os beneficiados uma alternativa para a captação de renda e aperfeiçoamento de habilidades. Por meio de ações e projetos nas áreas de Saúde, Lazer, Assistência, Educação e Cultura a instituição tem trabalhado ao longo de quase 70 anos pelo desenvolvimento e transformação da sociedade.

Turbante

O turbante esteve presente em muitos lugares, culturas e religiões desde que o mundo é mundo. Especificamente no Brasil, o turbante chegou com as mulheres africanas na época do Brasil Colônia. Enquanto as mulheres brancas usavam chapéus enfeitados com joias e bordados a fim de combinarem com seus penteados, as mulheres negras o utilizavam com o intuito de se protegerem ao levarem cestos pesados na cabeça e até mesmo para cobrir as cabeças raspadas ou os cabelos muito curtos que possuíam.

Na década de 20, importantes estilistas como Paul Poiret e Coco Chanel trouxeram o turbante à vida, que só iria popularizar-se depois nos anos 30, sendo inclusive utilizado por atrizes hollywoodianas. Nesta época, o Brasil contava com Carmen Miranda como referência nessa composição. Mais tarde, a partir da década de 60, o uso do turbante passou a ser símbolo de força, resgate, resistência e aceitação da identidade como mulher negra.